quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Claro sobre trilhos


Faz isso não
Poupe tua vida
Sonhe de pé no chão
Antes chegada que partida

Não se atire
Isso aqui é precipício
Mas não se retire
Da sina do início

Não se jogue também
Aí trilhos são
Eis que vem o trem
Pode ver aquele clarão?

Aquele claro não é liberdade
Nem tampouco salvação
Vem mostrar-te a verdade
Trazer-te a decepção
 

O claro vai fazer
Teus sonhos caírem por terra
E tua alma há de ser
Arruinada sem reserva

O claro vai te mostrar
Quão miserável que és
E há de derrubar
O que sustenta teus pés

O claro vai revelar
Que tu não tens caminho
Nunca tiveras lar
E sempre fora sozinho

O claro dará fim
A esses teus sonhos mesquinhos
E desse teu jardim
Mostrar-te-a espinhos

Esse mundinho que você se esconde
Será esmiuçado e convertido a pó
E o vento o soprará para longe
Sem pesar, piedade ou dó.

Fala pra mim
Está vendo aquele clarão?
Ele traz consigo teu fim
Em seu último vagão


Anne Andrade
30 de agosto de 2010

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