quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pessoas entre pessoas não são pessoas


O título é estranho? Parece ilógico? Mais uma filosofia bizarra?! Estou segura em te dizer, caro leitor, que essa declaração se firma numa inegável realidade que permeia o âmbito social. Se você é defensor do ditado “a voz do povo é a voz de Deus”, não 'carece' que você leia, pois certamente você não compreenderá e poderá até entender esta produção como ofensa. Se continuas a ler, acredito que pensas contrário ao coletivo, e crê que a sabedoria está nas exceções. Pois bem, obtive tal conclusão ao analisar como as pessoas se comportam estando em meio aos indivíduos.

Pense comigo, em meio a pessoas, você fala realmente o que pensa? Você se sente livre para expor suas idéias? Se sente espontâneo? Faz o que deseja? Ou se sente privado? Já ficou constrangido? Teme ser mal compreendido? Confesso que tenho pensamentos guardados e nunca revelados, pra mim fazem total sentido, no entanto, não estou segura de que os ouvintes poderão compreender, pois se estiverem presos a mediocridade, com certeza, será inútil tentar convencê-los da real liberdade de pensamentos. Logo, entre pessoas, não me sinto uma pessoa, não me sinto livre, me policio, as palavras e atitudes não podem ser espontâneas. Caso contrário, serei incompreendida e no mínimo, chamada de tola ou maluca.

Nisso cabe aquela história do “só os inteligentes podem ver”. Determinadas ideologias são estabelecidas e consideradas como “certas”. O sujeito adota tal sistema de idéias, mesmo que não a entenda, pois o importante e se sentir inserido no contexto social, e ser considerado inteligente assim como o resto do povão. As pessoas são levadas a pensarem de uma mesma forma, deixando de lado seus conceitos, e tendo que aceitar, defender e seguir normas impostas por outrem. Fingem crer em idéias muitas vezes contrárias a seu modo de pensar, simplesmente por temerem ficarem á margem da sociedade. Uma vez que o “inteligente” pensaria da mesma forma que todos.

Para ter uma “aparência normal”, os indivíduos abandonam suas concepções, perdem a individualidade, perdem a liberdade e se aprisionam aos padrões instituídos por uma sociedade de massa medíocre. Perdendo a identidade, as pessoas também param de pensar, não é mais preciso, pois a mídia lhe dará ideias prontas. O negócio é fazer o que todos fazem, ouvir o que todos ouvem, acreditar no que todos acreditam, enfim, ser normal, certo? Errado!! Isso é ser comum, é ser medíocre, estereotipado, é se conformar em ser manipulado, é se revestir da hipocrisia, é deixar de ser gente, é se assemelhar a uma folha seca, vulnerável ao vento.

Os que ousam pensar diferente, negam os pensamentos da maioria, são mal vistos e incompreendidos. Mas a liberdade se consiste em fazer o que se quer, defender o que se pensa. Submeter-se a ideias de outros é afirmar a incapacidade de pensar, ir junto com o povão é admitir mediocridade, ser comum é ser insignificante. Somos seres humanos dotados da capacidade de pensar, logo, somos livres na defesa de ideologias. Portanto, não tema por acreditar diferente da massa, alegre-se, isso é sabedoria, não abandone seus ideais, pense contrário a todos se for possível (mas não precisa expor isso, é se arriscar demais), não use da hipocrisia, não se preocupe em aparentar ser normal... “mesmo que seja estranho, seja você.”

Anne Andrade



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"Quem não lê,
não pensa,
e quem não pensa
será para sempre um servo."
Paulo Francis