domingo, 4 de outubro de 2015

Em versos

Preciso chorar em versos
Para provar que estou viva
Necessito atar nós
Sangrar ferida

Preciso regar em versos
Soluçar vocábulos
Rasgar verbos
Deplorar hiatos

Careço do verso
Para conter a solidão
Convertendo em belo
O pesar de uma desilusão

Poetizo os medos
Para desvendar meus sentimentos
Que escoam pelos dedos
Quando transbordam os pensamentos

Faço poesia
Para me desculpar de onde errei
Me fazendo esquecida
Por quem tanto lembrei

Escrevo sobre a lida
Pra lembrar que não sei amar
E anistiar todos eles do dia
Que por tal motivo me fizeram prantear

Preciso chorar em versos
Pra me redimir da culpa, decerto
De que nada sei fazer bem
Nada além
Que chorar em verso

Anne Andrade

Segundos


Em fração de segundos
Me encantei
Imergi fundo
E o amei

Em segundos
Cativou
Fez promessas
Falávamos em amor

Em segundos
Emoldurei-o nos quadros da sala
Pintei nossos mundos
Esculpi-o em carrara

Em segundos
Se esquivou
Retificou planos
E já não era amor

Em segundos
Chorei
Fiz cena
E o tranquei
Em um poema

                                                                                                                         Anne Andrade






quarta-feira, 22 de julho de 2015

Quero

Estou fora do ninho
Não pertenço a este lugar
Quero outro caminho
Não devo ficar

Quero uma nova folha
Uma folha em branco
Eu quero uma outra escolha
Eu quero tão pouco, quero tanto

Quero gargalhadas
Numa madrugada sem compromisso
Com histórias mal contadas
E poemas em rabiscos

Quero amar sem pudor
Cair em todos os laços
Morrer de amor
E viver de abraços

Quero um dia sem relógio
Uma semana sem agenda
Uma felicidade sem vestígio
Numa vida sem legenda.

Anne Andrade

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Nunca igual

Talvez eu seja trivial
Quem sabe, superficial
Mas nunca igual

Nunca igual a ninguém
De rosto bonito e alma sombria
De corpo bem quisto e cabeça vazia.


Anne Andrade
30 de janeiro de 2015

Onde se imagina

Para onde vão os sonhos
Quando a gente acorda?
Onde dormem os planos
Que a gente não recorda?

Para onde vão os medos
Quando os enfrentamos?
Onde se guardam os segredos
Que nós não guardamos?

Talvez isso só exista
Por ser imaginação ou invenção
Do nosso grande artista
Chamado coração


Anne Andrade
29 de janeiro de 2015

domingo, 25 de janeiro de 2015

Olhares


Não desvie teus olhos assim
Mas descansa-os em mim
Para e repara no meu jeito suspeito
Que te julga sujeito perfeito

Não deixe que esmaeça
A chama que te chama, ama
Repousa teu olhar e esqueça
Invade a alma e acalma

Atreva-te a mirar
Quem tantos olhares desprezou
E nos teus idealizou
Deixar-se cativar


Anne Andrade
   18 de janeiro de 2015