sábado, 18 de maio de 2013

(In)existo


Não sou do tempo
Não sou do agora
Não sou do futuro
Muito menos do outrora

Não tenho lugar
Não sou daqui
Nem do lado de lá
Não tenho pr’onde ir
Sou peregrino
De nenhum lugar
E o meu destino
É viandar

Eu quero tudo
Eu quero o nada
É longa a minha caminhada
Eu não tenho estrada

Conheço todo mundo
E não tenho amigos
Ninguém me conhece
Não corro perigos

Eu não existo
Invento minha memória
Alguém, por favor, escreva um livro.
Dê-me uma história!

Anne Andrade
15 de fevereiro de 2013




terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Depois desse calendário


Eu sei que existe
Depois desse calendário
Outro que não é triste
E que apaga o medo diário

Sei que há uma magia
Que desinventa a tristeza
A imaginação outrora presa
Liberta-se em poesia
E os anseios de fraternidade
Emancipam-se em verdade

Eu sei que lá
A gente é livre
E a realidade será
Um sonho que tive

Anne Andrade
07 de fevereiro de 2013

Sem mais “isto ou aquilo”


Por que devo escolher?
Entre “isto ou aquilo”?
Se não é o suceder
Previamente sabido?

Por que sol ou chuva?
O sol não pode se molhar?
Por que não pode a viúva
Amiúde matrimoniar?

Por que luva ou anel?
Em mútua exclusão
Por que a dúvida cruel?
Por que essa maldita conjunção?

Por que devo escolher
Sem saber as conseqüências?
Não deveria eu vim do futuro
Para bem escolher as procedências?

Por que eu tão miúdo
Devo fazer escolhas no sem fim?
Dê-me um pouco de tudo
Então saberei o que é melhor pra mim.
Anne Andrade,
26 de janeiro de 2012