sexta-feira, 30 de julho de 2010

Parcialidade evolutiva



O ser humano tem, em sua essência, o poder de evoluir, e descobrir os mistérios do universo. A capacidade de adaptar o mundo em sua volta ao seu modo, ter domínio sobre seu espaço, estabelecer relações sociais, amar, criar, questionar circunstancias e raciocinar. O que faz do homem, superior aos demais seres, como afirma a formulação heideggeriana. Em meio a um constante e avançado desenvolvimento, o homem passa a ter comportamentos arcaicos no convívio social, uma perda de valores, seria isso uma involução?
Podendo limitar o conceito de homem ao gênero masculino, é possível a percepção de uma visão machista impregnada na sociedade, antes fosse isso só. Em contrapartida ao conhecimento, avanços científicos e descobertas; conceitos antigos não evoluíram, princípios foram deixados. Diante da robotização, houve o esquecimento de progredir também a humanização. Rude e ignorante socialmente falando, torna-se uma “máquina” de comportamentos animais.
Numa incessante busca cientifica “racional”, a razão humana é deixada de lado. O homem perde a essência sentimental. Congela-se na concepção que o “macho” domina, age por instintos, trai, agride fisicamente o próximo (a isso deveriam recorrer apenas os incapacitados de diálogo), oprime os demais. O que o faz descer da condição de dominador civilizado e se torna equiparável á pobreza de mundo dos demais seres irracionais. Num conceito limitadamente naturalista, o homem ainda se comporta como um animal, dos não capazes de racionalizar e controlar supostos “instintos”. Um pseudo-sábio que perde a noção do que seria amar e respeitar o próximo.
Olvidou-se que a evolução não basta ser tecnológica, é preciso que seja também psicologia e emocional. Que o sentimento das conquistas não cegue a necessidade da civilização e das boas relações no meio vivido. O homem deve lembrar que antes de dominador e formador de mundo, ele é humano, antes do animal, racional, antes de só, dependente do meio, e , que antes que se pense, que haja sentimentos.
Anne Andrade
29 de julho de 2009

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Devaneio tolo



Ah, se a vida me desse
O que peço em prece
Ah, quem soubesse
Que quando a gente cresce
A fantasia desaparece
Aquele sonho, a gente esquece
O sol escurece
A antiga alegria padece
O gozo esmaece
Numa descida que só desce
Pois tudo o que cresce e amadurece
Também envelhece e apodrece
Morre, perece

Ah, se eu pudesse
O que peço em prece
Peço que não cresça
Que fantasia permaneça
Que o sonho aconteça
Que meu sol não escureça
Que a alegria não padeça
Que o gozo não esmaeça
Que essa subida jamais desça
Que eu não amadureça
Para que depois envelheça e pereça
Que eu seja eternamente flor
E a juventude sempre exalada
Que meu sol não venha se pôr
E pequena seja eu perpetuada.
Anne Andrade

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Pensar

Quando pensares pensar num pensante que pensava em pensar pensamentos jamais pensados, pensando que pensamentos impensáveis pudessem ser pensados, pense em mim. Sou aquela que pensa sem pensar em pensar o que não é de se pensar, e, pensando em o pensar, já penso no pensamento que não há.
Anne Andrade

terça-feira, 20 de julho de 2010

Aos 17

Ah! meus 17, iniciam-se aqui
Menos um para viver
Mais um que já vivi
Dias... do tempo, á mercê


Será que agora eu levanto?
Tomo um rumo nesse mar?
Já tá ou passou do ponto?
Será que agora dá pra voar?


E meu coração? Esse mero pulsador
Guardado em lata de conservar
Teria, alguém, um abridor?
Vê se ensina o ignorante a amar


E meus sonhos?
Não quero, nem posso deixá-los
Passei todos esses anos
Para construí-los e aperfeiçoá-los


E minha criança?
Ah... essa vai comigo
Não a quero só como lembrança
Mas, quero a pureza servindo de abrigo


E Meu Deus?
Imploro que seu amor por mim não cesse
És o topo dos sonhos meus
E de minha alma, o alicerce


Sou dessa rota, navegador
Do desejo, ser feliz
De minha história, escritor
E da vida, aprendiz


...continua aos 18.


Anne Andrade
18 de julho de 2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sou


Se tento me definir

Entro em contradição

Sou o meio termo do sentir

Sustento-me na oposição


Não tenho certeza do que sinto

Acho até que minto


Atropelam-me todos os sentimentos

Escrevo e derramo minha alma

Aglutinados estão alegrias e tormentos

E frustradas as tentativas de restituir a fleuma


Apostando aliviar o coração

Á mais intensa tempestade sou acometida

Ventos levam pra mais longe a explicação

Para essa existência conturbada e estarrecida


O infinito habita em meu ser

O vazio preenche minha alma

Sou o não querer do bem querer

O veneno do caos, êxtase da calma


A metamorfose ambulante e a estagnada

Do riso, tristeza e alegria

A emoção racionalizada

O sol da noite, a lua do dia


Sou do doce, o amargo

Do amargo, o azedo

Do azedo, o salgado

O paladar do dedo


Nas águas, uma chama acesa

Nas chamas, o gelo a arder

Nos céus, a liberdade presa

Na terra, o pó que não se vê


Sou a diagonal do horizonte

O frio que aquece

O raro que tem de monte

O imortal que perece


Sou ângulo maior que 360°

O produto de todos os algarismos de 'pi'

O 73 do 50

O que soma ao dividir


Relógio anti horário é o meu

Estou á zero negativo do equador

A oeste o meu sol nasceu

E á norte ele irá se pôr


Sou a hipérbole em eufemismo afogada

A denotativa conotação

Gramática de regras ausentadas

O termo implícito da oração


O fóton que não foi tragado

O cloroplasto animal

A proteína sem aminoácido

O recessivo que é normal


Não importa se sentido eu faço

Importa que, sou

Nem qual o caminho que traço

Importa que, vou

Anne Andrade



Relatividade



Não importa que te importe

Outros não terão apreço

Se acha que teu fim é a morte

Outros dirão ser o começo


Não sofra, se poupe

Tudo é questão de opinião

Basta mudar o ângulo

E altera-se o campo de visão


Não te desgaste

Não queira que o outro pense igual.

Se queres viver pra sempre

Ele se acomoda em ser mortal


Podes até lutar pela paz

Mas ele preferirá ser hostil

Podes querer sempre mais

Ele talvez goste mais do vazio


Mas que mal pode haver

Em apontarmos diferentes direções e sentidos?

Monótono e chato o mundo há de ser

Se num só ponto todos forem convergidos.


Anne Andrade.