Imprescindível meu lar
Uma bolha de sabão
Delicado e peculiar
Nem sei ao certo se é real ou imaginação
Numa esfera sou limitada
Em êxtase, ao incomensurável
Vivo o tudo e tenho o nada
Permaneço frágil e intocável
Mas não me sinto só
Trago comigo a solidão amiga
Tenho o universo em meu derredor
Essa “nave” peregrina me abriga
Assim, vago na amplidão
Conduzida pelos ventos
De tudo vivo e de tudo tenho noção
Ainda que em pensamentos
Mas não, não chegue muito perto
Não podes me tocar
Tenho medo do mundo externo
Mortaliza-me tua atmosfera, teu ar
Gosto mesmo é daqui
Dessa bolhinha ambulante
O infinito é o que vivi
Mas posso ser sua por um instante
Perpetue-me em sua vida
Deseje-me por um momento
Mas que a distância seja mantida
Tu de fora e eu de dentro
Não pergunte o que há em mim
Nem qual minha direção
Apenas ame essa esfinge
Que reside numa bolha de sabão.
Anne Andrade
12 de junho de 2010